24 março 2006

CANSADO


Não terás da flor o perfume, beleza.
Nem da noite o sereno, estrelas, luar.
O crepúsculo cairá em sono profundo.
Quando velho velâmen da face tirar.

Não verás o romântico, o sóbrio, o homem.
Que sorrisos forjava para te enaltecer.
Na verdade sou louco, sou lobo, sou lixo.
Cujo amor e alegria vieste esquecer.

Terrível é o cálice que meus braços sangra.
Manchando de sangue o leito, o muro.
E eu ébrio encostado na cruz que carrego,
derramo-me em lágrimas, vermelho-escuro.

O vinho na garrafa parece dançar,
ao som violento do meu coração.
Sinuoso é o dedo que nas cordas toca,
a última nota de uma canção.

Gostaria de rever as flores que um dia,
brincavam comigo, riscado o papel.
Ver o giras/Sol e o lírio da Lua,
que em comunhão, rutilam o céu.

Oh!Deus, por que não me dá o descanso?
Mandai de uma vez os teus Servos Azuis.
Leva minh'alma à alegria divina,
e doa o meu corpo aos urubus.

(25/11/1994)


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